1º ato
(Fausto entra em cena, é a sala da sua casa, está irritado, ao fundo toca a música Gota d'Água, de Chico Buarque)
─ Pela manhã: labor; à tarde, serviço; à noite, desilusão.
Narrador: Lei do cotidiano: serões de doutrinação.
(Nesse momento entram alguns colegas, um deles canta a música Alegria, Alegria, de Caetano Veloso e lhe oferece um microponto de LSD. Fausto aceita)
─ Pela manhã: labor; à tarde, sofrimento; à noite: dominações.
Narrador: Luta do cotidiano: sacrifícios e danações.
(fim do 1º ato)
2º ato
(Fausto entra em cena, é um escritório, está estranho, mas sorri, ao fundo toca a música Lucy in the sky with diamonds, dos Beatles)
─ Pela manhã, langor, à tarde, sensações; à noite, ─ Demais!
Narrador: Lenitivo do cotidiano: sentidos divinais.
(Apagam-se as luzes)
(fim do 2º ato)
Último ato
Narrador: Lúgubres Semanas Depois...
(Acendem-se as luzes, Fausto está deitado, ao fundo toca a música Toccata e Fuga, de Bach)
─ Pela manhã, letargia; à tarde, sustos; à noite, desatino.
Narrador: Lampejos do cotidiano: sinais do destino.
(Apagam-se a luzes, mas logo se acendem. Fausto continua deitado, agora sentindo dores abdominais e gritando muito.)
─ Pela manhã, lágrimas; à tarde, suspiros; a noite dura.
Narrador: lírios, sepulcro e desventura.
(Fecham-se as cortinas)
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
Vera
_____Sentia ainda a fúria, ondas de ódio inundavam-lhe o corpo e tornavam-lhe a alma ofegante. Seus olhos, voltados para o alto, vociferavam ao destino, maldiziam o próprio destino. Seu corpo transpirava e um tremor febril dominava-lhe as ações.
_____Olhou para o chão, suor e lágrimas confundiam o seu olhar. Limpou os olhos ─ o peito arfava, as mãos tremiam nervosas ─ e viu o corpo num chão imundo de sangue e violência. Esboçou um sorriso estranho, misto de satisfação e repúdio. A imobilidade daquele corpo arrefeceu-lhe os ânimos. Fechou os olhos, uma calma invadiu-a de repente. Lembrou-se das suspeitas dos últimos dois anos e das investigações dos últimos meses. Cada nova descoberta confirmava a dúvida e acrescentava um tijolo em seu muro de ódio e afastamento.
_____Sentou-se próxima ao cadáver e olhava para aqueles olhos incrédulos e sem vida. Pegou o celular e discou para a polícia. Esperou alguns segundos... uma voz a atendeu.
_____Esperou com serenidade, quase indiferente, e informou:
_____─ Meu nome é Vera, tenho dezesseis anos. Quero comunicar um assassinato. Acabei de matar a mulher que me sequestrou ainda na maternidade. Ao se fazer passar por minha mãe durante todo esse tempo, essa mulher fez de mim uma mentira. Por favor, anote aí o endereço...
_____Olhou para o chão, suor e lágrimas confundiam o seu olhar. Limpou os olhos ─ o peito arfava, as mãos tremiam nervosas ─ e viu o corpo num chão imundo de sangue e violência. Esboçou um sorriso estranho, misto de satisfação e repúdio. A imobilidade daquele corpo arrefeceu-lhe os ânimos. Fechou os olhos, uma calma invadiu-a de repente. Lembrou-se das suspeitas dos últimos dois anos e das investigações dos últimos meses. Cada nova descoberta confirmava a dúvida e acrescentava um tijolo em seu muro de ódio e afastamento.
_____Sentou-se próxima ao cadáver e olhava para aqueles olhos incrédulos e sem vida. Pegou o celular e discou para a polícia. Esperou alguns segundos... uma voz a atendeu.
_____Esperou com serenidade, quase indiferente, e informou:
_____─ Meu nome é Vera, tenho dezesseis anos. Quero comunicar um assassinato. Acabei de matar a mulher que me sequestrou ainda na maternidade. Ao se fazer passar por minha mãe durante todo esse tempo, essa mulher fez de mim uma mentira. Por favor, anote aí o endereço...
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
Canção do exílio
Roubaram-me de ti,
tiraram-te de mim;
se ausente estou por fim,
presente não sou aqui.
tiraram-te de mim;
se ausente estou por fim,
presente não sou aqui.
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