sábado, 26 de julho de 2008

Terezinha: de uma queda foi ao chão

O primeiro me chegou e disse com ardor:
─ Amo você.

Respondi:
─ Não quero amor.

O segundo me chegou e disse sem preconceito:
─ Respeito você.

Respondi:
─ Não quero respeito.

O terceiro me chegou e disse, degenerado:
─ Quero o seu corpo e o meu prazer.

Respondi:
─ Aceito, mas exijo pagamento adiantado.

Admirável Mundo Novo

contrato condiciono domino exploro hipnotizo esvazio você
e lhe dou a felicidade dos Shoppings

Outros versos íntimos

Nestes versos augustos
dos anjos, vis desejos:
entre pedras e afagos,
há escarros e beijos.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Igreja dos Bens Capitais II

Pague seu dízimo.
É fácil! É rápido!
E aceitamos todos os cartões de crédito.
.
"Porque nós não estamos, como tantos outros,
mercadejando a palavra de Deus." - I Cor 2: 17

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Par (etimologicamente) perfeito

Damásio:
─ Você é incondicionalmente minha. Seu corpo e seus pensamentos são meus, seus sentimentos me pertencem. E, sobretudo, não questione os meus atos.

Concórdia:
─ Concordo.

domingo, 20 de julho de 2008

Poema Infantil


.................................por Jéssica e Curtt

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Uso-A

Segundo o provérbio,
“em boca fechada não entra mosquito” .
Tome cuidado ao ler este poema.
... água clara...
... areia e mar...
... calma rara...
... Ah! e amar...

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Versos entrecortados

Pedaços de som
palavra em escom-
bros. Verso com ar-
te: parte por par-
........................[te.

Limite descon-
certante entre cons-
trução e desar-
me: parte por ar-
........................[te.

Poema Simbólico

"E sons soturnos, suspiradas mágoas,
Mágoas amargas e melancolias,
No sussurro monótono das águas,
Noturnamente, entre ramagens frias.
.
Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas."
Cruz e Sousa

Olores sonoros,
Mas tácteis e amargos,
Luzes do Letargo,
Mistérios e coros.

A Flor vaporosa
─ em violões, gemidos,
em dores, sentidos ─
à arte cruza e ousa.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Hora do almoço

"Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa ficar do tamanho da paz
E tenha somente a certeza
Dos limites do corpo e nada mais
Eu quero carneiros e cabras pastando solenes
No meu jardim"

Zé Rodrix e Tavito
.
... tenho compromissos e os nervos estão à flor da pele o porque é o tempo escassez de tempo mas sei que preciso continuar o mercado de trabalho é cruel assim corro ou melhor vôo em busca dos meus anseios e desejos de conquista há pouco encontrei um amigo que há muito não via e a distância da nossa amizade já havia-se sedimentado disfarço além disso não posso agora este ônibus está insuportável e neste inferno coletivo minha segurança é garantida pelo meu braço estendido e pelo equilíbrio dos meus pés nesta base incerta alguém me olha distante e eu retribuo com a mesma ausência de sentimentos que é marca mais significativa das relações urbanas não há tempo para pausas pausa é discriminação pois o direito ao ócio é um bem inacessível nesse capitalismo escravista chego ao banco e a fila é a perda de algo que não tenho o relógio diz que não há tempo para o almoço divido diálogos indiferentes com pessoas é minha vez “até logo” e o indivíduo automático do caixa “não não é neste banco”...


sábado, 12 de julho de 2008

Anticlímax

Entendo o seu estranhamento:
Isto não começou como deveria
Esperava uma estrutura linear
Com começo, meio e fim,
Exatamente nessa ordem.

Bem, desculpe o desconforto,
É que todo poema é uma criação
E a criação é uma criança:

algumas crianças nascem mortas.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Exploração espacial

.
E........... S........... P........... A........... Ç........... O
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DISTANTE............

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Saudades

.
Eu
sem-
ti:
.
dor
em
mim

terça-feira, 8 de julho de 2008

Não vou embora pra Pasárgada

Não! Não vou embora pra Pasárgada.

Sim, aqui eu também não sou feliz:
não posso andar de bicicleta,
porque o trânsito é um caos;
os governantes desgovernam
como déspotas esclarecidos;
as histórias que me contam
sangram nos jornais;
não posso nadar no mar
porque o mar é lama administrativa
e excrementos urbanos.

Aqui, a existência é uma desventura.
Os alcalóides são ilícitos, mas permitidos.
E sustentam o Estado paralelo.

E quando estou cansado
— cansado de não ter jeito —,
a sirene me acena
para mais uma jornada de trabalho.

Não! Não vou embora pra Pasárgada.
Não tenho o dinheiro da passagem.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Alegoria

.
Sombras de luz
Grilhões de som
Muros de imagem

Um homem desliga a televisão.
E sai da caverna.

sábado, 5 de julho de 2008

Malthus

.
.............................pão aritmético
.....................................para
POPULAÇÃO GEOMÉTRICA
.

Igreja dos Bens Capitais

.
...................Deu$

"Porque nós não estamos, como tantos outros,
mercadejando a palavra de Deus." - I Cor 2: 17