sábado, 25 de julho de 2009
quinta-feira, 23 de julho de 2009
O velho do restelo (revisitado)
"Mas um velho, de aspecto venerando,
Que ficava nas praias, entre a gente,
Postos em nós os olhos, meneando
Três vezes a cabeça, descontente..."
Que ficava nas praias, entre a gente,
Postos em nós os olhos, meneando
Três vezes a cabeça, descontente..."
Os lusíadas, de Camões
.
_____Imagine o Titanic, mas diferente, agora partindo de Portugal. Lembra-se daquela cena: pessoas no navio se despedindo das que estavam em terra? No cais, Jane, no meio da multidão ─ crianças, mulheres e idosos ─; na nave, Herondy, ambicioso e inquieto.
Jane:
_____─ "Não se vá, não me abandone, por favor...."
Herondy:
_____─ "É melhor que eu vá embora..."
Jane:
_____─ "Não se vá! Me dê uma chance outra vez, daqui pra frente tudo vai mudar..."
_____Mas Herondy estava irredutível, como todos os que partiam em busca de uma nova vida, de riquezas e de novos mundos. Assim também pensava Leonardo DiCaprio (coitado: mal sabia ele que morreria no mar).
_____Ansiedade e esperança eram os sentimentos da tripulação; em terra, receio e desamparo.
_____Hora da partida, as luzes vermelhas se acendem. Torben Grael olha para Vasco da Gama. Ambos esperam a hora da largada.
_____De repente, no meio do povo, "de aspecto venerando", o mestre dos magos. Todos o olham com respeito e esperam sua palavra. Desligam-se os motores, modelos pegam guarda-sóis e protegem os dois comandantes, já acomodados em cockpit. O mestre dos magos aparece num telão:
_____─ Homens insensatos, saem em busca de outras terras e deixam a própria casa desamparada. Que podemos nós, velhos, mulheres e crianças contra as forças do mal? Ouçam o que lhes digo: talvez essa nau em que estão não afunde, mas Portugal, sim.
Jane:
_____─ "Não se vá, não me abandone, por favor...."
Herondy:
_____─ "É melhor que eu vá embora..."
Jane:
_____─ "Não se vá! Me dê uma chance outra vez, daqui pra frente tudo vai mudar..."
_____Mas Herondy estava irredutível, como todos os que partiam em busca de uma nova vida, de riquezas e de novos mundos. Assim também pensava Leonardo DiCaprio (coitado: mal sabia ele que morreria no mar).
_____Ansiedade e esperança eram os sentimentos da tripulação; em terra, receio e desamparo.
_____Hora da partida, as luzes vermelhas se acendem. Torben Grael olha para Vasco da Gama. Ambos esperam a hora da largada.
_____De repente, no meio do povo, "de aspecto venerando", o mestre dos magos. Todos o olham com respeito e esperam sua palavra. Desligam-se os motores, modelos pegam guarda-sóis e protegem os dois comandantes, já acomodados em cockpit. O mestre dos magos aparece num telão:
_____─ Homens insensatos, saem em busca de outras terras e deixam a própria casa desamparada. Que podemos nós, velhos, mulheres e crianças contra as forças do mal? Ouçam o que lhes digo: talvez essa nau em que estão não afunde, mas Portugal, sim.
_____Tentou continuar, mas, súbito, cortaram o áudio do velho e a imagem do telão se abriu numa panorâmica belíssima.
_____Religam-se os motores, o barulho é ensurdecedor.
_____Titanic parte a Caminho das Índias.
_____Religam-se os motores, o barulho é ensurdecedor.
_____Titanic parte a Caminho das Índias.
Nota do autor:
_____Se um dia, por este texto, eu for premiado ou me fizerem um elogio (coisas de que muito duvido), direi:
_____─ Dedico este prêmio (ou elogio) ao inventor da metalinguagem – processo que nos (s)ocorre, com relativa frequência, nos momentos difíceis: em que as musas abandonam seus poetas, as histórias se esvaziam, as insônias não produzem e as criaturas nascem mortas. Obrigado!
_____─ Dedico este prêmio (ou elogio) ao inventor da metalinguagem – processo que nos (s)ocorre, com relativa frequência, nos momentos difíceis: em que as musas abandonam seus poetas, as histórias se esvaziam, as insônias não produzem e as criaturas nascem mortas. Obrigado!
quarta-feira, 22 de julho de 2009
terça-feira, 21 de julho de 2009
quarta-feira, 15 de julho de 2009
SOS casulo
Nesta célula estamos minha família e eu…
▬ há tempos ▬ náufragos sociais ▬
resguardados do mundo e prisioneiros em nosso bunker…
▬ há tempos ▬ náufragos sociais ▬
resguardados do mundo e prisioneiros em nosso bunker…
sexta-feira, 10 de julho de 2009
Papo cabeça (ou coisa de grego)
Parmênides:
─ Cara, você é.
Heráclito:
─ Saca só. Não sou, estou.
Parmênides:
─ Como é?
Heráclito (explicando e se despedindo):
─ Fui.
─ Cara, você é.
Heráclito:
─ Saca só. Não sou, estou.
Parmênides:
─ Como é?
Heráclito (explicando e se despedindo):
─ Fui.
Águas de Heráclito
Todos os meses pago prestações,
mas nunca é o mesmo pagameno:
cada prestação paga
me aproxima mais do fim desta dí-
vida.
Um dia,
vi pessoas que sequer imaginava existirem;
no outro,
fiz coisas que não sabia possíveis.
É o fim dos hábitos, é o fim dos vícios.
A repetição não existe.
E ontem eu sei hoje que amanhã eu não serei eu.
mas nunca é o mesmo pagameno:
cada prestação paga
me aproxima mais do fim desta dí-
vida.
Um dia,
vi pessoas que sequer imaginava existirem;
no outro,
fiz coisas que não sabia possíveis.
É o fim dos hábitos, é o fim dos vícios.
A repetição não existe.
E ontem eu sei hoje que amanhã eu não serei eu.
quinta-feira, 9 de julho de 2009
segunda-feira, 6 de julho de 2009
Dialética
_____Planejei meu futuro, os meus quarenta anos. Diziam que a vida começava ali e eu, aos dezoito, já vislumbrava com precisão todos os detalhes desse início.
_____Teria uma família e seria professor. Já sabia que não era uma profissão tão bem remunerada quanto outras, mas prometi a mim mesmo não vender meus sonhos por um punhado de dólares. Teria uma casinha, nossos livros, boa música, diálogo e uma rede. Às vezes comeríamos arroz com feijão, à luz de velas. Nós nos reuniríamos para ouvir e contar histórias. Saberíamos ouvir uns aos outros e o segredo da nossa felicidade seria o de não existir segredo para a nossa felicidade.
_____Teria uma família e seria professor. Já sabia que não era uma profissão tão bem remunerada quanto outras, mas prometi a mim mesmo não vender meus sonhos por um punhado de dólares. Teria uma casinha, nossos livros, boa música, diálogo e uma rede. Às vezes comeríamos arroz com feijão, à luz de velas. Nós nos reuniríamos para ouvir e contar histórias. Saberíamos ouvir uns aos outros e o segredo da nossa felicidade seria o de não existir segredo para a nossa felicidade.
_____Esse seria o amanhã. O início da minha vida...
_____...
_____Hoje tenho quarenta anos. Feliz em todos os seus detalhes e exatamente como planejei, o amanhã chegou.
_____Mas tenho saudade daquele meu futuro.
_____Mas tenho saudade daquele meu futuro.
quinta-feira, 2 de julho de 2009
Poema infantil 07
Às vezes eu fico triste,
mas sei que há Quem me zele.
Sim, creio que Deus existe,
mas não tenho medo dEle.
mas sei que há Quem me zele.
Sim, creio que Deus existe,
mas não tenho medo dEle.
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