sexta-feira, 8 de outubro de 2010

intermitência poética

que. descontínua. a fonte. como
febre intermitente.

... árido o tempo
areia... e pó...
privação... e dor

mas~
em tempos ~ hídricos ~ do barro primeiro
à vida ~ da vida ao viço ~ poesia alagada ~
feito inundação
                                       ~ água lírica ~


quando... de novo ausência...
terra seca... feito pele humana

pele ou pedra: carne desidratada

“viver é um descuido prosseguido”
e a provisão – descontínua.

3 comentários:

Marcelino disse...

Um professor de Língua Portuguesa faria um trabalho muito bom com este texto para explorar os efeitos semânticos da pontuação: a primeira estrofe com os pontos qiebrando a frase e reforçando a ideia de descontinuidade; e a segunda estrofe com as reticências sugerindo as pausas necessárias para o descanso de quem vive em ambiente árido: estão ótimas.
Mas me amarrei mesmo foi na uso gráfico do til: é a própria correnteza. Parabéns, poeta.

Marcelino disse...

Um texto em que a pontuação tem uma função explicitamente semântica, para além de seus usos costumeiros; há um diálogo inequívoco entre a mensagem de cada estrofe e a pontuação enfatizada. Parabéns, poeta.

Marcelino disse...

Muito legal, poeta. Parabéns pelas pó-éticas reticências.