Recostado à janela do apartamento,
olhava a garoa fina que caía sobre a cidade.
Senti o cheiro da água e o prazer de um fim de tarde.
― É NATAL! – pensei – o mundo destina-se mesmo ao encantamento.
Levantei os olhos e deixei-me sentir um frescor de tempo e paz...
Logo percebi um movimento na rua, era uma mulher de bicicleta.
Tinha por companhia um saco carregado de garrafa plástica.
Parou diante de um cesto de lixo, vasculhou e encontrou mais garrafas.
Recolheu tudo com a destreza comum a quem vive a vida assim.
Encontrou uma caixa de suco.
Pegou com desejo. Viu que havia um líquido ali.
Não examinou. Tomou sofregamente.
Sentiu nojo, mas não cuspiu.
Guardou a caixa e seguiu o caminho de todos os dias.
Um comentário:
Quanta saudade, moço!
Legal vc de volta em grande forma. Este texto, por exemplo, subverte as expectativas que o título enuncia. Se bem que esse (a subversão do comum) já é um traço de tua escrita. Gostei muito. Pensei que fosses falar de uma pessoa dedicada à causa da reciclagem e tal, e terminas o conto com um ar a la Bandeira ("O Bicho")
Abração e um ótimo 2012 (Que a chuva dê manos estragos a tua Minas)
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